“O melhor da festa é esperar por ela”
Neste caso, o melhor mesmo foi participar no maior e melhor evento de ciclismo pela ilha de S. Miguel.
A Sport Zone, como equipa Campeã, tinha a curiosidade de saber como seria correr com uma equipa que, teoricamente considerada muito mais forte. Eram estes os comentários que fomos ouvindo, pela qualidade dos seus atletas. Era esperado que a equipa da Xiami Cozinhas dominasse e controlasse a corrida desde o seu início, pois eram os favoritos.
A 1ª etapa: percurso quase plano, ou então mais rolante, como preferia dizer o Pedro Cardoso. Foi uma etapa de estudo, tentar perceber a táctica da Xiami e decifrar quem seria o seu “chefe de fila”. Ficamos logo a sabe-lo quando o Miguel tem um furo e logo o Fábio Ferreira fica atrasado para o ajudar a colar no poletão. Para nós uma etapa com os nervos à flor da pele, várias avarias, quedas, furos, enfim… houve de tudo! Logo aí perdemos o Bruno Fernandes que com dois furos em 20 metros perdeu o poletão e nunca mais conseguiu colar, mesmo ajudado pelo Fernando Furnas que depois caiu… Ufa começamos mesmo mal.
A chegada ao sprint seria previsível, e sabíamos que esta seria uma das especialidades do Rui Rodrigues da Xiami, mas na meta apareceu o Fábio Ferreira.
A 2ª etapa: uma tirada onde se esperava o aparecimento dos trepadores, eram favoritos o Fábio Ferreira e o David Rosa, tínhamos que estar que estar atentos às movimentações das equipas que certamente levariam os seus trepadores frescos, ou quase, até às montanhas. Uma etapa muito tranquila até chegar a subida para a Povoação, que movimentou os trepadores para a contagem de montanha, com excepção para a descida das Pedras do Galego, feita a grande velocidade. Após a montanha, a descida para a Povoação poderia ser um ponto para tentar atrasar o David Rosa, curiosamente este trabalho foi feito pela sua própria equipa, mas mesmo assim, e com grande esforço o Rosa conseguiu colar na roda de Fábio Ferreira que já havia fugido na montanha mais dura do dia, pois tinha seguido com o David Morais, logo ao sair da Povoação. Inicia-se assim a perseguição à fuga, David Morais, Nuno Silva, Pedro Cardoso e Paulo Cardoso, trabalhavam em conjunto para alcançar a dupla da frente. O sobe e desce constante fazia mossa, e as descidas foram o calvário do David Rosa, apanhado pelo grupo perseguidor a escassos 3 Km da meta. O Fábio ganhava a etapa e cimentava a vantagem para os seus adversário mais directos, o 2º lugar foi disputado ao sprint por Pedro Cardoso e David Rosa, vantagem para o nosso Pedro, grande etapa… Aqui a Sport Zone passou para a frente na classificação colectiva, ganhando 13 minutos para a equipa favorita, a Xiami Cozinhas.
A 3ª etapa: Era a etapa rainha da volta, com três subidas que podiam decidir o vencedor do II Grande Prémio Liberty Seguros, Cerrado dos Bezerros, Pedras do Galego e Lagoa do fogo.
Nesta etapa a Sport Zone tinha que tentar vestir a amarela ou então ficar muito próximo, deixando a decisão para o contra relógio individual do último dia. A única hipótese seria atacar e tentar uma fuga que pudesse ganhar o máximo tempo possível.
Assim foi, a fuga deu-se logo cedo, ao km 7. À saída de Vila Franca o grupo da fuga era composto por Roberto Gandarinho, Bruno Fernandes, Luís Almeida, trio da Sportzone, Carlos Brito do CDC Navais, Rui Rodrigues Xiami Cozinhas e Jorge Medeiros da Jomare.
Subiram as Pedras do Galego com 6 min de vantagem, o grupo passou a 5 com o Jorge Medeiros a não aguentar o ritmo imposto pelos nossos homens.
O trabalho efectuado pelo Gandarinho e pelo Bruno foi fantástico, levar o Luís Almeida à Lagoa do Fogo e ainda ganhar tempo para o camisola amarela era uma dupla tarefa, grandes dois guerreiro que mostraram porque razão se chama “equipa” a este grupo. A fuga entrou na Lagoa do Fogo com 9 minutos, quer dizer que o Luís esteve de Amarelo durante 30 km. Chegada a Lagoa do fogo, o Gandarinho e o Bruno abrandaram e deixaram o Luís com o Carlos Brito e o Rui Rodrigues, uma vez que o trabalho dos dois havia terminado. Após a caldeira velha, o Carlos Brito descolou do grupo, sempre liderado pelo Luís que puxou durante toda a subida. Passavam a estar 2 elementos na disputa, o Luís que estava muito bem, enquanto Rui Rodrigues começava a dar mostras de algum desgaste. Aí o Luís responde afirmativamente a um pedido de ajuda do adversário, “menos, menos, menos” disse Rui Rodrigues, cedendo assim a uma hipotética vitória do Luís na tão desejada Lagoa do Fogo. Na linguagem ciclistica, é o mesmo que dizer “não me deixes só, puxa-me que ganhas lá em cima”. A dois km da meta o Luís olha para mim e com um sorriso rasgado faz-me sinal de OK, estava feito, iria ganhar na cimo da montanha, e apartir dali foi um mero guia turístico do Rui Rodrigues, dando-lhe as indicações de quanto faltava para finalizar a penosa subida.
Mas ás vezes os “homens” têm destas coisas, a ganância e a ambição falam mais alto, a 20 metros da meta o RUI RODRIGUES levanta-se e sprinta para a linha de meta, “traindo” o homem que lhe arrastou durante toda a subida e esperou por ele quando esteve em dificuldades, grande espírito este!
A lição a tirar daqui,… nem sempre os grandes atletas são grandes Homens.
Aqui os parabéns para um homem, este com “H grande” que lutou e acreditou que seria desta vez que ganhava na Lagoa do Fogo, e acreditem ganhava mesmo…
O contra relógio: o estudo prévio do percurso foi fundamental, com condições meteorológicas adversas o David Morais mostrou todo o seu potencial, fez um tempo fantástico e ganha numa disciplina onde só vinga quem está com grande capacidade física.
Em jeito balanço final, a Sport Zone mostrou que como equipa não é fácil de bater, à entrada para o contra relógio temos de vantagem 28 minutos para a equipa Xiami, considerada a grande favorita para a vitória. Em todas as etapas tivemos entre 5 e 6 atletas no Top Ten.
Individualmente, antes do contra relógio tínhamos 4 atletas com hipóteses de ganhar a volta, Nuno Silva, Luís Almeida, David Morais e Pedro Cardoso. Afinal demos luta e de que maneira, fizemos uma volta fantástica, estamos todos de parabéns.
Estas experiências são sempre bem-vindas, aprende-se, melhora-se e evolui-se em todos os sentidos.
Quanto à organização esteve com o mesmo nível da volta, muito alto. Pouco ou nada há a apontar, sempre com abertura e postura de organizações de grandes eventos.
O feedback dos atletas do Continente é extraordinário, e estes estão habituados a grandes organizações e dizem que esta não fica atrás em nada, concordo plenamente.
Por este andar não vão necessitar de convidar ninguém, as equipas vão querer cá vir. Foi fantástico, motards e Policia também ao mais alto nível.
Quanto aos comissários, estes já não estiveram tão bem, pena foi que mancharam o bom trabalho de todos, mas isto será falado noutro “post” para não estragar este…
Vitória por equipas e 3º lugar da geral individual.
Grande VOLTA, grande EQUIPA, grande ESPÍRITO!